Carta de natal.

Esta carta chegou ao meu email dia 25 de dezembro, às 14:35.  Acho que não conheço essa pessoa. O nome não é revelado na carta, mas está no endereço do próprio email. Respodi a carta falando do engano e não obtive resposta, então resolvi postar aqui no Blog. 

"Meu amigo me dá uma luz, estou desesperado!
Você sabe que a lembrancinha de Caio e um chester a mesa eu nunca deixo faltar. Não parece, mas eu já tenho sete anos de casado e é sempre assim, Suzana nunca havia reclamado, pelo contrário, sempre se mostrou muito feliz com essa nossa noite humilde. Nesse ano, em novembro, ela até perguntou sobre a possibilidade de fazermos uma "ceia de verdade" (esse termo já me deixou extremamente irritado), mas não interrompi e lhe pedi um argumento para isso e ela falou que seria bom para nosso filho, pois ele nunca tinha vivido uma situação dessa, falou até em chamarmos nossas famílias. Achei um absurdo, mas como sempre muito calmo, mandei ela parar com aquilo, mostrei a ela que eram somente devaneios femininos, expliquei que Caio já tem bastante felicidades, perguntei a ela se algum amiguinho dele tem o carro que nós temos. Ela sem palavras abaixou a cabeça, e reconheceu.
Mas agora, vamos ao direto ao meu desespero, tentarei descrever detalhes, para que você me ajude.
Eram 21:40, a luz da tevê deixava a sala azul, aquilo me dava bastante sono. Suzana muito arrumada, tinha um pote amarelo com uvas passas, na qual beliscava. Nós dois olhavamos um Caio ansioso, que chegava na janela a cada minuto, para ver a chegada do velho Noel. Como nossa rua é bem pequena, há três anos, se não me engano, fazemos a chegada do Papai Noel. Marcos nosso vizinho de porta, se veste de Papai Noel, e as onze horas em ponto vai para a rua distruibuir os presentes para a criançada. E esse ano não foi diferente dos anos anteriores, acho maravilhoso, pois eu falo depois de beber calado, Caio ri depois de chorar de medo e Suzana come depois de só beliscar. O álcool tapou meus olhos com a minha língua, percebendo o tempo que se passou rápido demais, resolvi enxergar como estava a felicidade da minha família. Caio brincava com a bicicleta nova, Suzana... Cadê Suzana? Não a vi. Não eram muitas pessoas para ela se perder na minha visão, mesmo eu já um pouco alto. Fui até a minha casa para saber onde estava minha esposa, fiquei preocupado de alguma coisa ter acontecido, somente intuição... Chegando próximo a porta de ferro, o fundo de vidro anúnciava pela sombra, a presença dela dentro de casa. A sombra se mexeu, abri a porta e ela não estava sozinha em casa. Não acreditei no que vi! Ela sentada com o corpo de lado para a porta de entrada, e no mesmo sofá estava Marcos vestido de Papai Noel. Os dois com os rostos assutados me olhavam, perguntei o que estava acontecendo ali. Ele calou-se, ela disse que ele estava contando a ela o por que faz isso todo ano.
- Olha que lindo, é uma promessa...
Interrompi, aqueles lábios inchados e a barba jogada ao chão, não me enganavam. Fui sendo tomado por um calor infernal, e as atitudes e palavras que saiam de mim já não tinham o meu controle. Eu gritava muito, acho que o álcool e a adrenelina apagaram de minha memória, quais eram minhas palavras. Suzana chorava muito, fechou as janelas da sala e foi para o quarto. Eu estava muito atordoado e nem vi Marcos sair. Sentei, achei que fosse desmaiar. Suzana pára em minha frente e fala.
- Seu louco, aqui eu não fico nem mais um minuto, e Caio vai comigo.
Não conseguia enxergar o que ela carregava na mão, me faltava força até para olhos, imagina pro lábios então nada falei.
Acordei duas horas atraz, não tenho notícias dela , nem do meu filho, não sei o que fazer, sinto vontade de beija-la e matar-me, a vergonha me impede de acender as luzes. Peço uma orientação. Quando ver esse email, me responda com urgência,

me ajuda meu amigo."