Maria da Reconciliação
A viagem foi no começo de uma madrugada de um mês de junho. Uma casa, emprestada por um amigo, com aproximadamente treze quartos, nos esperava a beira de uma praia próximo a Angra dos Reis, litoral do Rio de Janeiro. Tomamos algumas cervejas no caminho. Ela dirigia e também bebeu. Nas curvas da serra meu corpo virava o rosto para o meu raciocinio. Meus músculos queriam pular para o corpo dela, fazendo de nós um só ser. Pela primeira vez senti isso, era como uma criança querendo ser enrolado nos lençóis maternos, mas ali o lençois eram suas mãos.
Na chegada, percebemos que a casa parecia não estar preparada para nos receber.
- Já vai, grita uma voz abafada, após eu tocar a campainha insistentemente.
O barulho do mar me descansava da viagem. E meu olhar se perdeu por alguns segundos no mato escuro. Enquanto ninguém aparecia, sentei sobre uma pedra suja de limo e flores. Ela se aproximou e deitou-se sobre meus ombros de menino. Naquele momento meu olhar se encontrava em seus pequenos pelos loiros. Eu a adimirava, eu a devorava, eu chorava. Seus lindos lábios imprimiam em mim como se fossemos conhecidos de uma vida pré natal. Os olhinhos dela se fecharam, talvez para que eu ficasse mais a vontade para continuar a minha visita ao seu belo corpo. Seus grandes seios marcavam a camisa larga que usava.
Barulhos vindo de dentro de casa não conseguem dispersar meu olhar, até que mãos molhadas me tocam, eram as mãos de uma negra, e ela com um sorriso alegre no rosto, me convida a entrar. O cheiro de madeira e mofo que aperecem junto com aquela pele escura não saem do meu nariz.
Naquela hora tento acordar Maria, e com muito carinho e cuidado não consigo desperta-la. Na segunda tentativa, seguro seus dois braços e ela não esboça nenhuma reação e eu com força a chamo pelo nome completo.
- Maria da Reconciliação! e ela não me da resposta. Aflito eu peço um copo d'agua, a negra rapidamente me traz. Jogo no rosto de Maria e nada. Minhas mãos correm para seu pulso e ali não corre mais nenhum sentimento. Minhas lágrimas surgem com a quentura do meu sangue, meu coração dispara, talvez tentando a bater por nós dois. A negra, percebendo a morte, corre de medo e tranca a porta. Eu deito Maria no chão e calo o meu choro. Vou a procura de socorro atrás das pedras escuras que cercavam a casa.
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