A pouca chuva que caia domingo na Av. Paulista dava ao asfalto um cheiro inspirador a casais apaixonados. A paz e a tranquilidade se apresentavam nos adolescentes travestidos como heróis de revista em quadrinhos, nos mendigos, no velho que cochilava na sua barraca de moedas antigas e em mim até eu pisar no Itaú Cultural e ver pessoalmente, e pela primeira vez, a exposição "O Peso dos Meus Amores" de Leonilson. Os meu sentimento, assim como uma moeda nas mãos de um árbitro de futebol, fora lançado ao ar sem saber com qual face iria novamente repousar. Já na primeira obra foi por demais forte o desconforto, respirei fundo e tentei manter a calma. Persisti e a tensão também. Desconcertado segui para a segunda, outra acrílica sobre lona, e ali a rebeldia do meu espirito foi maior. A tela parecia ter se transformado em um espelho e eu perpelexa, via refletida a minha alma contornada pelos traços amargurados do artista. As formas me surgiam como pinturas rupestres que estavam escondidas em minhas cavernas interiores. Eu já não conseguia mais suportar o confronto, parti para a outra ao lado, a outra e a outra. Eu era lágrimas e suor vendo vultos e cores. Me dei conta de tamanho abatimento quando fui chamada a atenção por um dos seguranças da sala por estar debruçada sobre um monitor que exibe os rascunhos do jovem falecido. Disfarcei, pedi desculpas ao homem de terno, respirei fundo e segui. O suor nas minhas mãos não cessavam e o coração batendo com fúria me faziam perceber que daquela maneira sucumbiria. Fechei os olhos para que na minha escuridão sentisse meu corpo. E assim foi que percorri o resto dos bordados e lonas que me cercavam, na ecuridão do meu corpo e nas cores escondidas de minha alma. Confesso que fiquei a frente de todas as obras mas não consegui enxerga-las. Prometo a mim que lá voltarei, mais fortelecida, para poder adimirar com toda a plenitude a beleza do trabalho de Leonilson.
Laura de Menezes 29 anos - Escritora
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