segunda-feira, 16 de maio de 2011

Facebook, Twitter e McDonald's

Lendo a coluna do Caetano ontem no O Globo fiquei sem sossego quando ele se referiu a internet como sendo um “brinquedinho do Pentágono”. Pelo resto do dia andei com isso na cabeça. Já no final da tarde em um shopping eu tinha fome e pressa, e mais uma vez eu resistia a uma ida ao McDonald`s. O que sempre me faz ter essa atitude são questões ideológicas que começaram a me cercar na adolescência (em exagero confesso), e acredito que para muitos da minha idade também. O estilo fast-food não me era assunto novo até eu juntar o McDonald’s com que eu vinha refletindo desde a manhã. Pensei no Facebook. As pessoas que quando jovens tinham ojeriza aos nomes americanos que chegavam ao Brasil recepcionados por um tal de Ronald, hoje se deleitam na novidade criada em Harvard. Por que resistir ao McDonald’s por ideologia se eu uso quase doentiamente o Facebook? O que me assusta é pensar que expor qualquer raciocínio que reflita a credibilidade ou a efetividade dessa ferramenta soa ofensivo a liberdade, conservador, pois coloca em questão a “maior forma democrática do momento”. Será? Benefícios são evidentes e incontáveis, talvez a queda recente de ditaduras seja a maior prova disso. Mas esses argumentos estão longe de me fazer acreditar cegamente em qualquer verdade unânime criada momentaneamente pelos intelectuais da rede. Ao contrário, quando um fato é disseminado de maneira descontrolada, como o caso Bethânia ou o do metrô de Higienópolis, (exemplos de coisas mais próximas a nós) tento manter o máximo de distanciamento das piadas instantâneas para construir uma opinião fundamentada seja ela no que for, fora da rede ou dentro da rede, contra ou a favor do que está sendo julgado. Cito novamente a coluna de domingo do Caetano, que se refere a uma “bolha ideológica que cresce ao redor da internet”. Até quando formaremos opiniões de 140 caracteres? Seremos saudáveis com essas informações rápidas e saborosas? A vontade de sair do anonimato a qualquer custo e se inserir em um contexto imaginário, não terá limite? Um lugar onde ricos falam como pobres e pobres falam como ricos. Escrevendo esse post conseguirei visto para entrar nos Estados Unidos? Lembram da vinda de Obama ao Brasil, em que um dos argumentos usados pelo FBI para que ele não fizesse um pronunciamento na Cinelândia era a manifestação dos usuários no próprio Facebook?

2 comentários:

Joao Gutosvski disse...

Tudo é muito complexo no mundo das idéias. O "bate pronto" de pensamentos pode ocasionar diversos erros (até não conseguir transmitir o que se deseja), porém é extremamente válido. Válido apenas por ser mais próximo do instintivo.
Quanto aos EUA e seus produtos: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Qualificar ou desqualificar um produto pela simples analise de sua origem é burrice ou ignorância (ou os 2 juntos). Saibamos valorizar o que há de bom nesse mundo, independente de sua bandeira.
Precisamos de McDonalds, Facebooks, estudo e heróis! Estes últimos, precisamos fabricar dentro do território nacional :)
Caetano e Obama não me dizem nada, mesmo que falem trocentas mil palavras.

guilherme.ginane@gmail.com disse...

A validade da instantaneidade (bate-pronto) da internet é fundamental para a formação da opinião e o processo democrático de hoje, só não podemos coloca-la como suprema verdade, falo do povo que se entrega de corpo e alma nessa gigante onda sem saber em que praia vai acabar.
Eu não qualifiquei nada, tentei analisar relação das pessoas com esse produto, o que eu frizo é: não podemos te-la como uma fonte inquestionável, e assim tento fazer na minha vida.
Claro que precisamos de McDonalds e Facebooks, imagina... Ontem comi lá, uma delícia, e hoje estamos debatendo esse assunto só por existir o Facebook.
Caetano me disse muito com a Tropicália e o Obama com morte do Osama.